Meta, a empresa mãe do Facebook e do Instagram, tem adotado uma postura pública de distanciamento de conteúdos políticos. No entanto, isso não significa que as plataformas da Meta estejam livres de influência política. Apesar dos esforços para minimizar a presença de postagens políticas, é evidente que o papel das redes sociais na disseminação de conteúdo desse tipo ainda está longe de acabar.
Recentemente, a Forbes relatou que o Facebook estava hospedando centenas de anúncios que divulgavam desinformação sobre a próxima eleição, violando claramente as regras da plataforma. Mesmo com tais violações, Meta continuou recebendo milhões de dólares dessas campanhas. Os anúncios envolviam imagens estilizadas de políticos em situações polêmicas, além de questionamentos sobre suas posições e sugestões de um possível caos social iminente.
Essa situação remete ao papel do Facebook na eleição de 2016, quando operativos russos utilizaram anúncios para espalhar uma gama de notícias conflitantes sobre candidatos políticos dos EUA, causando divisão entre os eleitores. Isso culminou no CEO da Meta, Mark Zuckerberg, sendo convocado para depor no Congresso dos Estados Unidos sobre a participação da empresa na disseminação de desinformação eleitoral.
Com isso, Meta decidiu se afastar do conteúdo político, descontinuando a seção de notícias e encerrando parcerias com publishers de notícias. No início deste ano, a Meta anunciou sua intenção de afastar-se completamente de conteúdos políticos, favorecendo interações mais leves e divertidas nas suas plataformas.
O Papel da Meta na Influência Política
Mesmo com essa intenção, fica claro que a Meta não consegue se desvencilhar totalmente da política. A plataforma é dependente do que seus usuários postam e, portanto, seu papel como fonte de informação e interação torna inviável excluir o conteúdo político por completo. A única alternativa seria reduzir o alcance dessas postagens, mas não removê-las completamente, o que é um desafio, visto que a política é um dos temas de maior interesse público.
Esse cenário é ainda mais complexo no caso do Threads, o clone do Twitter lançado pela Meta. Essa plataforma visa facilitar discussões e engajamento em tempo real, e tentar evitar a política nesse contexto é praticamente impossível. Parece que a Meta, em algum momento, precisará revisar essa estratégia se quiser maximizar o potencial do Threads.
O Futuro da Meta e o Conteúdo Político
Zuckerberg já afirmou em uma conferência de resultados, em janeiro de 2021, que “um dos principais feedbacks que recebemos da nossa comunidade é que as pessoas não querem que a política e discussões acaloradas tomem conta da experiência nos nossos serviços”. Assim, a partir desse ponto, a Meta concentrou-se em promover mais clipes de programas de TV antigos e outros tipos de entretenimento leve, que têm sido amplamente disseminados no Facebook e Instagram como Reels.
Porém, mesmo com esses esforços, Meta continua a ser parte da disseminação de desinformação política. Assim, não é algo fácil de evitar quando suas plataformas facilitam o alcance de aproximadamente 40% da população mundial.